quarta-feira, 11 de novembro de 2009

O Velho All Star



Dizem que quanto mais velho, melhor ele fica. Preto, vermelho, azul, verde, cano alto, sem cadarços. Hoje em dia existem dezenas de cores e modelos desse tenis que proporciona a qualquer estilo um toque de modernidade e nostalgia.

A história de um dos maiores ícones americanos, e posteriormente mundial, começou quando Marquis M. Converse fundou a empresa Converse Rubber Company em 1908, na cidade de Malden, estado do Massachusetts. Em 1917, a empresa lançou uma linha de calçados esportivos, incluindo o tênis feito de lona e sola de borracha que revolucionou o basquete criando um calçado inovador para a época, o mundialmente famoso CONVERSE ALL STAR, com o selo de estrela na lateral. Em 1921, Charles “Chuck” Taylor, jogador universitário que logo se tornou profissional, juntou-se a Converse e colocou novas idéias para uma versão do ALL STAR. Ele mudou o desenho da sola para criar mais tração, adicionou uma proteção no calcanhar para melhor apoio e proteção ao tornozelo dos jogadores. Lançado em 1923, o CONVERSE ALL STAR com sua assinatura foi um sucesso instantâneo, sendo o único tênis usado por todos os jogadores de basquete, quer seja profissional ou universitário.



 Com o passar do tempo, os consumidores exigiram mais variedades - especialmente para combinar com os uniformes da equipe - e foram produzidos cadarços pretos e brancos. Posteriormente, novas cores e estilos tornaram - se disponíveis. Low-top ou oxford, high-top e depois, knee-high foram as versões produzidas. Outros materias foram utilizados no sapato, como couro, camurça, vinil, denim e canhâmo. Algumas versões eram comprados sem o cadarço; estes foram desenhados por Chuck antes de sua morte, em 1969. Quando a Nike comprou a Converse e as produções foram transferidas para os Estados Unidos e outros países, o design sofreu alterações. O tecido não é mais 2-ply lona de algodão, mas 1-ply "têxteis" e muitos usuários notaram diferentes padrões de desgaste.




O design básico, o conforto, a durabilidade e funcionalidade foram características que determinaram a escolha do CONVERSE ALL STAR como calçado oficial das forças armadas americanas durante a Segunda Guerra Mundial. Até 1947 o ALL STAR só era encontrado na tradicional cor preta. Mas isso mudou com o lançamento do tênis na cor branca, criando assim mais uma opção básica para seus consumidores.
Algumas personalidades entraram para a história como adeptos dos tênis, entre eles o roqueiro Kurt Cobain, do Nirvana, e os integrantes do Ramones, que acabaram arregimentando usuários entre os fãs de suas bandas. Em 2001, a Converse sofreu com altas dívidas e seus títulos chegaram a valer menos de US$ 1 na Bolsa de Valores. Tal queda lhe valeu lugar no capítulo 11 da lei americana de empresas em falência. Foi neste momento que a CONVERSE foi assumida pelo fundo americano de Footwear Acquisition por €125 milhões. A produção começou a ser realizada na Ásia, e as filiais estrangeiras foram fechadas e convertidas em distribuidores e passaram a ter contratos de licenciados.

 

A empresa foi comprada pela Nike em 2003 por US$ 305 milhões, quando ainda enfrentava enormes dificuldades financeiras, basicamente pelo valor da marca ALL STAR. Para a Nike, a compra da empresa iria ajudar a ocupar um espaço que a marca ainda não conseguiu tomar: tênis de preço mais baixo. Nos anos seguintes, aos poucos a marca ALL STAR foi reconquistando ex-clientes e outras várias gerações.

 

O ano de 2008 marcou o início das comemorações pelos 100 anos da empresa, para as quais foi criado a campanha Connectivity, adotando os mais variados e avançados recursos de mídia e computação gráfica, sintetizando justamente a atmosfera das ruas e do rock’n’roll, e, inclusive, firmando uma parceria de sucesso entre vários ícones do universo, de diversas épocas.


Esta campanha é protagonizada por ícones do mundo da música, da arte, do desporto e da moda. Entre eles está James Dean, Hunter S. Thompson, Sid Vicious, Joan Jett e Billie Joe Armstrong. A campanha Connectivity, que vai estar em mais de 75 países e foi desenvolvida pela agência Anomaly, com sede em Nova Iorque, arranca em Portugal em Março.







domingo, 1 de novembro de 2009

Freaks


Um filme polêmico e estranhamente assustador

Freaks é um filme de terror de 1932 dirigido e produzido por Tod Browning baseado em uma estória de Tod Robbins. O filme em seu tempo causou um grande impacto e teve uma forte oposição por parte dos diretores da Metro Goldwyn Mayer que temiam mostrar a todos aquele show dos horrores.Hoje é um clássico, um filme cult, mas em seu tempo, Freaks foi considerado forte demais para a mentalidade da época e o público exigiu que fosse retirada das telas. Devido a esta intensa reação o estúdio cortou o filme pela metade.
 

 Ela é trapezista e se chama Cleópatra. Ele é um anão e se chama Hans. O “outro” é um levantador de pesos e se chama Hércules. Cleópatra ama Hércules e é amada por Hans. Este triangulo bizarro de amantes vive sua história trágica debaixo da lona de um circo. Um circo de “strange living creatures”. Um circo que inclui, nas suas atrações, a exibição de seres humanos com deformidades grotescas. Estas criaturas são chamadas de “freaks”, e Freaks (traduzido aqui por Monstros).


 O filme foi produzido em 1932 e comprado pela poderosa MGM e lançado no mercado, foi mutilado, incompreendido, censurado e, até mesmo, proibido em vários países. Este conjunto de fatores quase jogou o diretor num ostracismo absoluto e causou estrago na carreira do filme, que caiu num limbo comercial, e só foi recuperado e redescoberto nos anos 60, via exibições em cineclubes, sessões malditas de cinemas de arte e festivais internacionais. Mas, afinal, que filme é este que seduziu e influenciou tantos cineastas importantes.
Neste horroshow Tod vai mais fundo, claro, pois no seu filme as considerações são dentro de um espectro mais radical: os seus personagens não são produtos da ficção e nem possuem superpoderes: eles são reais, tirados do meio da massa humana sem efeitos especiais.
 
 O filme é construído numa atmosfera densa, com locações surpreendentes. A interpretação ou a “não interpretação” dos visivelmente inadequados é forte e segura, explorada na medida certa, sem distorções. Na cena onde os “freaks” se arrastam pela tempestade, num chão lamacento, chega a ser apavorante, se não, antológica. Assim como a estranha cena da dança dos deficientes na clareira da floresta. A surpresa do ineditismo das imagens nos amassa na cadeira.
 

 A trama é amarrada em pontos muito bem definidos: há a lei dos excluídos que reza: “ofendeu a um, ofendeu a todos” Há o compartilhamento de suas naturezas, representado por uma taça onde todos bebem e incluem ritualisticamente alguém ao grupo, sob o bordão “we accept him, one of us”. Há o açoitamento espiritual, sofrido pelo debochado riso alheio. Há o julgamento sumário de quem os ofende, e a subseqüente punição. Tudo isto nos leva a um mergulho no âmago do eu doentio, que nos ensina que a mais terrível desumanidade, que poderíamos conhecer, está dentro de cada um.
 
 Atroz e fascinante obra-prima, pela primeira vez no écran um realizador ousava dirigir nada menos que fenómenos de feira, em carne e osso: a mulher-aranha, o homem-tronco, as irmãs siamesas, anões e restante galeria de pequenos monstros. E, no entanto, nesse assombroso filme os mosntros são outros... a bela Cleopatra e o atlético Hercules, imagens da força e da beleza, personagens "normais", mas de comportamento repugnante.

 "Todos os que consideram isto diversão mereciam ser enfiados no serviço de patologia de um qualquer hospital"